Arquivo da categoria: Desenho & Pintura

Mosquitos

Pergunte para as pessoas qual o animal mais terrível no qual podem pensar. Provavelmente ouvirão falar muito de tigres, lobos, jacarés, cobras e alguns poucos animais menores, talvez aranhas ou escorpiões. Todos estes porém, estarão longe do maior terror para nossa espécie que há na natureza: mosquitos.

Existem cerca de 3.500 espécies de mosquitos nos mais diversos habitats, e muitas delas se alimentam de sangue de outros animais, especialmente os de sangue “quente”, mamíferos e aves, apesar de certas espécies picarem até peixes. Somente fêmeas de mosquito se alimentam de sangue, pois elas utilizam a proteína do sangue para fabricar ovos. Portanto, quanto mais sangue beberem, mais mosquitos nascerão, e mais mosquitos irão procurar esse precioso alimento em breve.

Não é essa dieta o que torna o mosquito tão terrível. Mosquitos são agentes de transmissão de doenças, especialmente provocadas por vírus e protozoários, os verdadeiros “terrores” que viajam de hospedeiro em hospedeiro no organismo dos mosquitos. Essas doenças já dizimaram mais seres humanos do que os próprios seres humanos, e alguns sugerem que metade de todos os seres humanos que já existiram no planeta morreram por doenças transmitidas por mosquitos. Um lembrete de como grandes movimentos na natureza são operados por engrenagens muito pequenas.

 

Deixe um comentário

Arquivado em Desenho & Pintura

Gafanhotos vs. Grilos (pt.2)

insect_musicians_allon-fasc_WH_SLIDE_a.jpg

Gafanhotos e grilos são também perfeitos exemplos de insetos que produzem som e se comunicam através dele. Sua “música” serve para facilitar a localização de um indivíduo por outros de sua espécie, já que esses insetos percorrem grandes distâncias aos saltos. Cada espécie possui um tipo de frequência e timbre característicos, para não ser confundida. Certos gafanhotos são mais facilmente identificáveis por seu som do que por características físicas como cor e formato. Grilos e gafanhotos porém, usam partes diferentes do corpo para produzir sons. Enquanto o grilo os produz esfregando as asas externas, rígidas e serrilhadas, uma na outra, o gafanhoto esfrega as grandes patas saltadoras traseiras nas bordas das asas. Sendo tão especializados produtores de sons, de nada adiantaria se esses notáveis insetos não fossem equipados também com bons receptores para captar sons no ambiente em que vivem. Gafanhotos possuem órgãos chamados tímpanos, muito semelhantes em funcionamento aos tímpanos que nós temos nos ouvidos, mas localizados no seu abdomen (do inseto). Os grilos possuem seus tímpanos nas patas dianteiras. Essas estruturas são muito delicadas e “afinadas” para perceberem especialmente as frequências das diferentes espécies e facilitar sua comunicação.

Deixe um comentário

Arquivado em Desenho & Pintura

Eles

A vida toda passei ouvindo falar n’Eles.
Dizem que Eles nos controlam, nos vigiam, nos sabotam, que a vida é assim e assado por causa d’Eles, e que não tem como melhorar porque claro, Eles não querem, é vantagem pra Eles que tudo seja do jeito que é.
Passei a vida procurando Eles e nunca vi a cara de nenhum. Canso de perguntar, quando as pessoas me falam nisso, quem são Eles e onde Eles estão, e curiosamente ninguém nunca conseguiu me responder.
Pois eu acho que Eles são uma lenda. Uma grande lenda da nossa cultura, que serve para sempre temermos e culparmos alguém diferente de nós e nos distanciar de assumir a responsabilidade por todos os nossos atos.
Eles somos Nós.

Deixe um comentário

Arquivado em Desenho & Pintura

Consciência do Sagrado

É possível se desviar do caminho espiritual mesmo trabalhando nele?
Acredito que temos uma tendência muito forte a enxergar a dimensão que chamamos de “espiritual” como oposta ao mundo material, das coisas: carne e osso, paus e pedras. Eu acredito que o mundo material é somente uma extensão das dimensões que chamamos espirituais. No fundo, espiritual e material são exatamente a mesma coisa, pra qual criamos nomes diferentes. Como se dissésemos que a água, depois de se tornar gelo, deixasse de ser água.
Isso pode nos levar a buscar uma zona de conforto no plano espiritual, esquecendo que trabalhar na matéria também é essencial pra nossa sobrevivência e evolução, pois podemos perder algo muito importante que é a “consciência do sagrado” em todas as coisas. Tornar o mundo material tão sagrado e vivo quanto percebemos os outros fenômenos que chamamos de espirituais.
Tornar sagradas nossas refeições, tornar sagrado nossas limpezas, nosso corpo, nossas caminhadas, nossas palavras. Tornar sagrado nosso trabalho, mesmo que ele não seja nosso trabalho dos sonhos, mesmo que ele seja temporário. Tornar sagradas nossas doenças que nos mostram o caminho da cura, e acima de tudo, tornar sagradas nossas relações, com as coisas e pessoas e animais.
Que possamos manter os olhos voltados pras estrelas, pois esse é com certeza o caminho, desde que ao mesmo tempo estejamos com os pés firmes na estrada sob nossos pés, e o coração mediando tudo que surgir pela frente.
O mundo inteiro também é UM só.

Deixe um comentário

Arquivado em Desenho & Pintura

Protestos 2013

Empatizo com toda a forma de protesto porque sei que no fundo todos procuramos a mesma coisa, através de formas diferentes.
Apesar disso, essa não é a ferramenta que escolhi para buscar essa transformação.
Não posso entrar em “luta”, porque não vejo inimigos. Vejo pessoas talvez confusas, doutrinadas, apegadas a condicionamento

s, mas não somos todos assim em algum grau?
Só quando entendermos que não há inimigo, sequer dentro de nós mesmos, e sim pessoas desunidas, dentro e fora de si mesmas, poderemos começar a alcançar os frutos dessa mudança, e acredito que essa onda de protesto é parte desse processo. Não há porque se preocupar em ser derrotado, pois nunca houve guerra, só desunião. Não há porque temer que a mudança não chegue, pois ela já começou faz tempo. Está na nossa cara. Não há porque colocar fogo na Babilônia, pois ela está queimando a si mesma.
Esse trabalho de protestar é importante e muito bonito ver as pessoas enfim buscando esse despertar, e é por isso que vejo a prática da não-violência como um complemento, e não uma oposição a isso. É parte do trabalho também tirarmos a Babilônia de dentro de nós mesmos.
A violência é resultado de medo. Não tenhamos medo, senão deixaremos a violência nos contagiar. Elevar os pensamentos e ações, e enxergar o outro como nosso irmão, esteja ele fardado ou de pedra na mão.

Uns seguem arrancando ervas daninhas, outros seguem plantando flores. Todos estamos construindo o mesmo jardim.
SOMOS UM! Que todos busquemos a paz, não só para nós como para todos nossos irmãos.

Deixe um comentário

Arquivado em Desenho & Pintura

Yoga é União

Vivemos numa sociedade em que a maioria das pessoas se encontra insatisfeita. A insatisfação nos deixa em constante conflito. Enquanto queremos o que não temos, não enxergamos aquilo que temos. Enquanto estamos aqui querendo estar lá, não estamos em nenhum lugar. Sempre que pensamos no futuro ou no passado, nos ausentamos do presente. E fazemos isso sempre que damos atenção ao medo que sentimos das coisas que poderão – ou não – acontecer, ou a culpa que sentimos pelas coisas que já aconteceram e que não podemos mudar. Estes pensamentos e essa insatisfação nos distraem da nossa vida. Este conflito entre o que é e o que gostaríamos que fosse nos divide. E esta divisão nos adoece.
Yoga significa União. Yoga é uma ciência ancestral composta por um conjunto de práticas que tem por objetivo a saúde integral do indivíduo. O termo integral significa que estamos falando da saúde do ser como um todo: saúde física, saúde mental, e saúde espiritual. A Yoga pode ser praticada por qualquer pessoa, de acordo com as suas necessidades, e de acordo com as suas capacidades. As práticas incluem posturas de flexão, extensão, torção e equilíbrio. Estas posturas são conhecidas como ásanas. Também incluem exercícios de respiração, práticas de higiene, a adoção de conduta de acordo com valores éticos iogues (não-violência, satisfação, honestidade, entre outros), o serviço desinteressado, a prática da devoção. Todas as práticas da Yoga servem para nos preparar para a meditação, através da qual é possível atingir a meta da União.
(imagem: “Vision Tree”, de Alex Grey)

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Desenho & Pintura, Meditação & Autoconhecimento, Yoga

Devoção (Bhakti Yoga)

Todos nós temos a capacidade de amar. Nascemos com ela, pois é parte da natureza do ser humano. Assim como todas as nossas potencialidades, ela também precisa ser exercitada para funcionar bem. A Devoção é o exercício da nossa capacidade inata de amar.
Através da Devoção, podemos direcionar o nosso amor para alguma coisa, que pode ser um mestre, um deus, um corpo celeste, uma força divina, a natureza, não importa. O importante é que a intenção seja sincera, e por isso deve ser algo com o que nos identificamos. No fim, você vai descobrir que todas estas opções são a mesma coisa, pois tudo que existe é amor, e tudo existe para ser amado.
Um devoto se alimenta do amor que sente pelo seu mestre, porque a devoção faz com que o amor cresça dentro dele. A devoção transforma o devoto no próprio amor, que é a cura para todas as doenças. No corpo físico, esse processo acontece através do Timo, uma glândula que existe no centro do peito, que é responsável pela nossa imunidade. Nós costumamos associar o amor ao coração, que fica bem próximo do timo no corpo humano.
A devoção é uma das práticas da Yoga, chamada de Bhakti Yoga. Pode ser praticada de várias formas. Algumas delas são os cantos devocionais, a oração e a meditação.
Cantar com devoção não é simplesmente falar as palavras no ritmo da música. É cantar com a mente focada na intenção, com entrega, com amor, com sinceridade, enfim, com devoção. Várias práticas religiosas fazem uso do canto devocional, como o kiirtan entre os hindus e o gospel entre os evangélicos. Também podemos ter um altar com representações daquilo com que nos identificamos, sejam imagens ou objetos de poder, para dirigir a nossa devoção, o nosso canto, meditando em frente a ele, entregando flores, etc.
A oração também é uma prática de devoção. Através da oração, podemos falar com a força divina com a qual nos identificamos. Podemos agradecer pelas nossas bênçãos, e podemos pedir por aquilo que nos consideramos merecedores. Ao orar, reformulamos questões importantes para nós através do pensamento, podendo chegar a entendimentos que não teríamos sem esta prática.
A meditação, diferentemente da oração, consiste em silenciar a mente. Através da quietude, podemos escutar a voz da divindade que nos habita, e as respostas que estamos buscando. Existem muitas técnicas para aprimorar as práticas de meditação. A própria Yoga é uma delas.
(imagem: “Namaste”, de Alex Grey)

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Desenho & Pintura, Meditação & Autoconhecimento, Yoga

Criatividade

Criatividade é, literalmente, o ato de criar. Todos nós somos capazes de criar, e temos mais facilidade quando exercitamos a nossa criatividade. Normalmente, as crianças são mais criativas que os adultos. Por terem menos experiências, elas têm menos hábitos, e consequentemente, menos respostas prontas. Por isso, são criativas nas suas interações com o mundo.
A criatividade nos é necessária sempre que nos deparamos com uma situação nova. Sem criatividade, esta situação se torna um problema, pois não saberemos como agir. Acontece que, de fato, todas as situações que vivemos são únicas, e estão acontecendo pela primeira vez. Nenhum dia é igual ao outro, embora tenhamos criado hábitos e condicionamentos que nos façam viver os dias como se fossem iguais. Enxergamos a segunda-feira sempre como uma segunda-feira, muitas vezes esquecendo que é um novo dia. Daí a importância de exercitar a criatividade.
Podemos exercitar a criatividade através de atividades como artesanato, música, dança, desenho, e tantas outras artes, e seremos consequentemente mais criativos no nosso dia a dia. A criatividade não se restringe às atividades artísticas. Também podemos exercitar a criatividade diretamente nos nossos pequenos atos rotineiros: mudando o tempero da comida, fazendo um caminho diferente para casa, trocando os móveis de lugar. Com a prática, a criatividade se torna espontânea.
Estando com a criatividade ativa, nos sentiremos prontos para viver cada momento como um momento novo e único. E sempre que uma coisa acontece pela primeira vez, prestamos mais atenção. Como no primeiro dia de escola, ou a primeira vez que encontramos uma pessoa. Quando conseguirmos perceber que sempre que encontramos alguém, mesmo quem achamos que conhecemos, é a primeira vez, também vamos prestar mais atenção. Deixaremos de lado nossas suposições de que sabemos coisas que na verdade não temos certeza, pois todo mundo muda, o tempo todo. Enxergando sempre o outro como alguém a ser descoberto, e todas as situações como únicas, passaremos a viver com mais intensidade.
(imagem: “Painting”, de Alex Grey)

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Desenho & Pintura, Meditação & Autoconhecimento

Coruja de igreja vista de frente (Vincent Van Gogh, 1887)

“Nós sabemos a partir de restos fósseis que as corujas existem como uma linhagem distinta por no mínimo 60 milhões de anos. Isto faz delas um dos mais antigos grupos de pássaros conhecidos e lhes dá tempo suficiente para ter aperfeiçoado seu altamente especializado modo de vida como predadores noturnos.
É somente durante a última parte do seu longo reino que elas foram encontrar aquela perturbadora espécie intrusa, o ser humano. A primeira evidência do conhecimento do homem sobre a existência das corujas data de cerca de 30.000 anos. Felizmente para elas, este encontro tem sido muito menos prejudicial do que para muitas outras espécies de pássaros. Elas têm sido raramente colocadas em pequenas jaulas como tantos pássaros canoros ou caçadas para a mesa como incontáveis pássaros de caça. Mas como todos os pássaros selvagens, elas têm sofrido a indignidade de ver imensas áreas de terras dos seus habitats destruídos, suas matas e florestas fracionadas e suas presas envenenadas por pesticidas. Apesar destas devastações, elas ainda prosperam ao redor do mundo e, exceto nos extremos polos do Planeta, existem poucas regiões em que elas estejam ausentes.”
(Desmond Morris, ‘Owl’)

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Citações, Desenho & Pintura

Companheiros do Medo (Rene Magritte, 1942)

“A coruja é uma contradição. É o mais conhecido dos pássaros, e o menos conhecido dos pássaros. Peça a qualquer um, até mesmo uma criança pequena, para desenhar uma coruja, e eles o farão sem hesitação. Pergunte quando eles viram uma coruja pela última vez e eles irão parar, pensar e então dizer que não conseguem lembrar. Como uma figura em um livro – sim; como um pássaro em um documentário na tv – provavelmente; como um habitante de uma jaula em um zoológico – possivelmente. Mas quando eles viram pela última vez uma coruja viva na natureza, no seu estado natural? Isto é uma questão diferente.
Como esta contradição surgiu? É bem fácil de compreender por quê tão raramente encontramos uma coruja viva, pois ela é um cauteloso predador noturno com vôo silencioso. A não ser que fôssemos ver uma e fízéssemos incursões noturnas organizadas com equipamento especial, nós teríamos poucas chances de ficar cara a cara com uma coruja. É mais difícil de compreender por quê nós somos tão familiares com a sua aparência, se nós vemos tão poucas. A resposta se encontra no formato único da sua cabeça. Como os seres humanos, a coruja tem uma larga cabeça arredondada, com uma face achatada e um par de grandes olhos arregalados. Isto a deixa com uma qualidade humana singular que nenhum outro pássaro consegue igualar, e em tempos ancestrais as corujas eram referidas como “pássaro de cabeça humana”. Nós nos chamamos ‘homo sapiens’, que significa ‘homem sábio’, e porque a coruja tem uma cabeça parecida com a do homem nós nos referimos a ela como ‘velho pássaro sábio’. Na realidade, uma coruja não é tão sábia quanto um corvo ou um papagaio, mas nós pensamos nela como sábia simplesmente por causa da sua semelhança conosco.
É o olhar humanóide que nos faz sentir que conhecemos a coruja. E é a larga cabeça e os grandes olhos encarando de frente que nos torna impossível olhar uma coruja e não sentir que estamos na presença de uma pensativa ave parente dos humanos. Isso nos faz, ao mesmo tempo, um tanto sentimentais sobre as corujas e um tanto assustados com elas. Se elas são tão sábias e ainda assim só saem a noite, talvez elas não sejam tão bondosas? Como assaltantes, elas aproximam-se silencionsamente quando suas vítimas estão mais vulneráveis. Como vampiros, elas somente chupam sangue quando o sol se pôs. Talvez, ao invés de sabedoria, possa existir algo de demoníaco na coruja?
Quando examinamos a história do nosso relacionamento com corujas, nós descobrimos que ela têm sido, de fato, um símbolo tanto de sabedoria como de infortúnio. Sábia ou malvada, malvada ou sábia, estes dois valores icônicos da imagem da coruja permanecem se modificando. Outra das qualidades contraditórias da muito mal compreendida coruja.”
(Desmond Morris, ‘Owl’)

Deixe um comentário

Arquivado em Arte, Citações, Desenho & Pintura