Aos fumantes (parte 3)

Em mais um texto dedicado à conscientização dos fumantes, desta vez o tema é o aspecto comportamental do ato de fumar. O trecho transcrito abaixo é de autoria de Desmond Morris, zoólogo que estuda o comportamento do ser humano como animal.

“(…) ter algo entre os lábios é uma experiência confortante para o animal humano, já que isto substitui o contato tranquilizador com o protetor primário, a mãe. (…) O uso de uma chupeta de bebê por um adulto estressado poderia provavelmente ser tranquilizador como qualquer outra coisa, se ao menos não tivesse o estigma infantil. Já que o tem, ele é forçado a adotar chupetas disfarçadas de vários tipos. O cigarro, neste caso, é ideal, porque é totalmente adulto. (…) O objeto fica gentilmente entre os lábios e a fumaça o aquece, o que o torna ainda mais similar ao mamilo materno do que uma chupeta de borracha. Além disso, a sensação de algo sendo sugado dele e puxado garganta abaixo se acrescenta à ilusão. Uma nova equação simbólica é construída: fumaça morna inalada igual a leite morno materno. Muitos fumantes, quando colocam ou tiram um cigarro em suas bocas, deixam os dedos tocarem os lábios, simulando o toque do peito da mãe. (…)  A enorme quantidade de fumantes no mundo hoje em dia demonstra a vasta demanda que existe por atos confortantes de intimidade simbólica”. (Desmond Morris, ‘Comportamento Íntimo’)

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